terça-feira, 31 de março de 2009

EUCALIPTO: O APOCALIPSE DO SÉCULO XXI – Parte 1






por Silvano Rezende - Agente Pastoral da CPT Araguaia-Tocantins
Cursando 8º Período de Direito pela FIESC






A política desenvolvimentista no contexto atual tem sido propagandeada pelos governos como a salvação da economia. Uma economia baseada em monocultivos ocupando grandes extensões de terras, na sua maioria, terras públicas. Esses empreendimentos têm na raiz do agronegócio as grandes monoculturas de grãos, principalmente, da soja, milho e arroz, assim como, a pecuária e a fruticultura. Além das matérias primas mencionadas, aparece com mais força, a cana de açúcar, o carvão vegetal e o eucalipto.

Há várias posições que se divergem sobre a produção do eucalipto, uma que entende ser de suma importância o seu cultivo, trazendo enormes benefícios do ponto de vista social, econômico e ambiental, sustentando a tese de ser um verdadeiro “mito” a “falácia” de que a produção de tal espécie é um “deserto verde”, reforçando um discurso favorável a expansão do setor produtivo, tendo em vista, o êxito de experiências implantadas relacionada ao fator econômico, cuja análise é defendida de forma otimista pelos empreendedores do eucalipto.
Em contraposição, há uma clara compreensão de que a expansão do eucalipto representa o que pode ser denominado de “apocalipse” do século XXI, pois o eucalipto, durante o seu desenvolvimento, absorve muita água, acelerando o crescimento e retendo muito líquido.

Para que não seja interpretado como uma posição meramente política, importante refletir sobre a seguinte situação: “de acordo com algumas pesquisas científicas, a monocultura do eucalipto, por exemplo, consome tanta água que pode afetar significativamente os recursos hídricos. Segundo Daniela Meirelles Dias de Carvalho, geógrafa e técnica da Fase, organização não-governamental que atua na área sócio-ambiental, só no norte do Espírito Santo já secaram mais de 130 córregos depois que o eucalipto foi introduzido no estado”. [1] Questiona-se: Será que é consequência do manejo equivocado? Mas se é problema de manejo, como isso pode acontecer através empresas altamente capitalizadas com tecnologias de última geração?

Nas últimas décadas, os estados do Pará e Tocantins têm acolhido e incentivado a expansão da monocultura de eucalipto, uma vez que as grandes empresas têm se apropriado de tecnologias e dos meios de produção e, sobretudo de recurso público. Como consequência da atividade ora mencionada, o desmatamento da floresta nativa, especialmente no Pará e no Maranhão, tem sido alvo maior de intensificação do setor produtivo cada vez mais sofisticado.

O plantio do eucalipto no Tocantins já é uma realidade, segundo a empresa Viveiros Tocantins, localizada no município de Miracema, implantou um viveiro de mudas para a produção de clones da espécie, “o empreendimento possui uma produção inicial de 15 milhões de clones de eucalipto, com projeção de chegar a 2010 com 50 milhões de mudas, gerando mais de 350 empregos diretos.A geração de tais empregos terá um custo social e ambiental muito grande refletindo diretamente nas populações mais pobres.
A prática desastrosa que ocorreu em outras partes do país, se repete no Tocantins, onde o cerrado, vítima de várias monoculturas, está ameaçado de desaparecer de uma vez por todas, tendo em vista se tratar de um bioma rico em espécies nativas e água potável. A falta de debate transparente entre governo e sociedade, não permitindo dessa forma refletir sobre as vantagens e desvantagens do negócio, tem sido uma prática corriqueira de posturas antidemocrática e antisocial. Percebe-se que não é interesse do governo, pois, pode dificultar o avanço dos empreendimentos comprometendo os seus interesses.

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